UMA QUESTÃO DE BOM SENSO


      Um menor abandonado, protegido pela constituição, pelas damas de caridade, entidades filantrópicas, candidatos à cargos políticos, ´padres, evangelistas, pontes, etc, no despertar do seu estômago, apossou-se de um pedaço de calçada, tudo que lhe resta como menor abandonado, credenciado, e perdeu-se na contemplação da vitrine da padaria cheia de pães quentinhos e variados.
      Passou o prefeito e disse:
     - Estou tentando dar um melhor aspecto à nossa cidade mas a justiça não coopera. É preciso urgentemente, determinar o recolhimento desses menores em reformatórios.
     Passou o Juiz e disse :
     - A polícia tem que agir. Tem que encaminhar esses menores aos familiares e recomendar-lhes trabalho.
     Passou um policial e disse:
     - Não temos onde recolher esses menores. Esse problema é unicamente da comunidade.
     Passou um cidadão da comunidade e disse:
     - É preciso maior rigidez nos cursos de noivados. Afinal casamento não é só sexo.
     Passou um padre e disse:
     - Falta de estrutura e imaturidade para o casamento acarreta irresponsabilidades.
     Passou um honesto e virou o rosto.
     Passou um desonesto e deu-lhe um tapinha nas costas: - Insiste que você chega lá !
     Passou um candidato, já eleito, e disse:
     - Tem que prender e dar-lhe umas cacetadas.
     Passou um comerciante e disse:
     - É ladrão ...
     Passou um otimista e disse:
     - Mendigos e menores abandonados é sinal que a cidade está crescendo.
     Passou um pessimista e disse:
     - Nosso cartão postal.
     Passou um estudante e disse:
     - Pede, ó cara ! Se negarem você arrebenta tudo e sai correndo.
     Passou um evangelista e disse :
     - Está escrito ...
     Passou um paisagista e disse:
     - Não está escrito.
     Passou um outro menor abandonado e disse:
     - Sai dessa irmão. Em divido meu pão com você.